quarta-feira, 17 de novembro de 2010

EMBOLIA PULMONAR

A embolia pulmonar ocorre quando um coágulo ( trombo ), que está fixo numa veia do corpo, se desprende e vai pela circulação até o pulmão, onde fica obstruindo a passagem de sangue por uma artéria. A área do pulmão suprida por esta artéria poderá sofrer alterações com repercussões no organismo da pessoa, podendo causar sintomas. Às vezes, mais de um trombo pode se deslocar, acometendo mais de uma artéria.
Existem algumas situações que facilitam o aparecimento de tromboses venosas, que causam as embolias pulmonares. A trombose é o surgimento de um trombo (coágulo de sangue) nas veias. Normalmente ocorre nas pernas, coxas ou quadris. Quando este trombo se desprende, vai para a circulação e acaba trancando numa artéria do pulmão, podendo ou não causar problemas. Se for pequeno, poderá até não causar sintomas, mas se for de razoável tamanho, poderá causar dano pulmonar ou, até mesmo, a morte imediata. Dentre algumas situações que colaboram para o aparecimento desta doença, estão:
Fraturas ósseas com imobilização prolongada do paciente
Pacientes com câncer
Pessoas que passam muito tempo acamadas, sem atividade física
Cirurgias
Uso de anticoncepcionais com estrógeno
Varizes
Tabagismo
Obesidade
A embolia pulmonar causada por trombos nas veias não é a única forma de embolia, mas é a mais freqüente. Pessoas que sofrem fraturas expostas (com exposição do osso) podem ter a liberação da gordura que está dentro do osso para a corrente sangüínea. A gordura poderá chegar aos pulmões, configurando o quadro que chamamos de embolia pulmonar gordurosa. Há outro tipo de embolia que pode acontecer em pessoas que usam drogas de abuso nas veias. Nestes casos, algum corpo estranho (objeto diminuto) pode chegar nos pulmões pela circulação, após a injeção da droga, e causar uma embolia. Existe também um tipo de embolia muito infreqüente que ocorre nas mulheres grávidas no momento do parto, chamada embolia pulmonar pelo líquido amniótico.

TROMBOSE

Trombose é a formação de um trombo (coágulo de sangue) no interior de um vaso sanguíneo. Tromboembolia seria o termo usado para descrever tanto a trombose quanto sua complicação que seria o embolismo.Às vezes pode ocorrer em uma veia situada na superfície do corpo, logo abaixo da pele. Nesse caso é chamada de tromboflebite superficial ou simplesmente tromboflebite ou flebite.
Geralmente, a trombose é causada devido a uma anomalia em um ou mais itens da Tríade de Virchow abaixo relacionados:

1. Composição do sangue (hipercoagulabilidade)
2. Qualidade das paredes venosas
3. Natureza do fluxo sanguíneo (hemodinâmica)
A formação do trombo é geralmente causada por um dano nas paredes do vaso, ou ainda por um trauma ou infecção, e também pela lentidão ou estagnação do fluxo sanguíneo, ocasionado por alguma anomalia na coagulação sanguínea. Após a coagulação intravascular, formam-se uma massa deforme de hemácias, leucócitos e fibrina.
O risco de desenvolver uma trombose pode ser aumentada por alguns fatores tais como:



Estase - permanecer em inatividade prolongada (por exemplo viagem de avião ou de carro);
Traumatismo na veia - algum traumatismo que provoque lesão nas veias;
- Prática do tabagismo;
- Uso de anticoncepcionais;
- O avanço da idade;
- Predisposição genética.
Quando uma trombose é diagnosticada uma das primeiras suspeitas recaem sobre a combinação do uso de anticoncepcionais aliado à prática do tabagismo, sobretudo se o paciente possui 35 anos ou mais. Outras hipóteses como trauma na veia, por infecção, cateterismo, introdução de medicação venosa também podem estar desencadear uma trombose.[1] Alguns fatores genéticos como o Fator V de Leiden,[2] com prevalência de até 5% na população caucasiana, e a Protrombina fator II, podem aumentar significativamente a predisposição de desenvolver uma trombose, sobretudo quando combinada a outros fatores de risco.

 

Hiperemia e congestão

Hiperemia e congestão são caracterizados pelo aumento de volume sangüíneo em um tecido ou área afetada. É dividida em : hiperemia ativa e hiperemia passiva ou congestão. A primeira é causada por uma dilatação arterial ou arteriolar que provoca um aumento do fluxo sangüíneo nos leitos capilares, com abertura da capilares inativos. A segunda decorre de diminuição da drenagem venosa.

Consequência da hiperemia ativa : aumento da vermelhidão na região afetada. Causa da dilatação arteriolar e arterial : mecanismos neurogênicos (rubor) simpáticos e liberação de substâncias vasoativas. Hiperemia ativa da pele : dissipar um excesso de calor (exercício físico - fisiológica e estado febril - patológica). Fisiológica - digestão, exercício físico, emocões, ambientes secos.]
Consequência da hiperemia passiva : coloração azul-avermelhada intensificada nas regiões afetadas, conforme sangue venoso se acumula. Tal coloração aumenta quando há um aumento da concentração de hemoglobina não-oxigenada no sangue - cianose. Congestão pode ser um fenômeno sistêmico (insuficiência cardíaca) ou localizado (obstrução de uma veia). No primeiro caso, ocorre na descompensação ventricular direita - afeta todo o corpo, poupando os pulmões - e na descompensação ventricular esquerda - afeta apenas o circuito pulmonar. No segundo caso, temos como exemplo o comprometimento da circulação porta e o bloqueio do retorno venoso de uma extremidade através de uma obstrução. Existe uma ligação entre formação de edema e congestão dos leitos capilares. Congestão aguda - vasos distendidos e órgão mais pesado ; congestão crônica - hipotrofia do órgão e micro-hemorragias antigas.

Edema

O edema é um acúmulo anormal  de líquidos no espaço intersticial (espaço localizado entre os vasos e as células dos tecidos).Os principais mecanismos causadores do edema   são   o aumento da pressão dentro dos vasos (pressão hidrostática) e a diminuição da concentração de proteínas no sangue (pressão oncótica).Ambos facilitam a passagem de líquidos dos vasos para o espaço intersticial.
Causas:
- Insuficiência cardíaca.

- Erisipela.
- Insuficiência venosa crônica , trombose venosa profunda aguda e linfedema.
- Doenças renais.
- Hipoproteinemia (baixa concentração de proteínas no sangue.Exemplos: desnutrição e perda de proteínas pelos rins , como na síndrome nefrótica).
- Cirrose hepática .
- Hipotireoidismo .
- Medicamentos.
- Alergia.
- Edema cíclico idiopático (mulheres).

Características clíncas nos diversos quadros de edema:
- A insuficiência cardíaca, a doença renal , a doença hepática e a hipoproteinemia (diminuição dos níveis de proteínas no sangue) , podem causar edema e para maior dificuldade no diagnóstico, podem inclusive coexistir dentro do mesmo quadro clínico (exemplo: caquexia cardíaca é uma insuficiência cardíaca grave e terminal, associada a desnutrição com queda de proteínas no sangue).


Antes de ser notado, o edema é precedido por um ganho de peso de 3 até 5 Kg. Por isso , é fundamental que os pacientes com insuficiência cardíaca se pesem diariamente pela manhã , visando monitorar a retenção de líquidos. O edema cardíaco costuma iniciar nos tornozelos e no final da tarde (edema maleolar vespertino).Com a evolução do quadro , tornar-se ascendente em direção às pernas , coxas e região genital. Em pacientes acamados , pode ser mais pronunciado na região sacral. Costuma ser bilateral . Pode ainda ocorrer a ascite (acúmulo de líquido na cavidade abdominal).
Antecedentes de doença cardíaca e a presença de dispnéia, costumam estar presentes . O edema de origem cardíaca é normalmente simétrico - afeta as duas pernas- e progride desde os tornozelos até as pernas e coxas , podendo atingir a região genital e a parede do abdôme.A dispnéia geralmente precede o edema e a ascite (acúmulo de líquido na cavidade abdominal).
- A erisipela é uma infecção bacteriana do tecido das pernas que fica imediatamente abaixo da pele (tecido subcutâneo).O edema da erisipela costuma ser unilateral , sendo acompanhado por calor , vermelhidão local , febre e outros sintomas de uma infecção , como mal estar e dores no corpo.
- A insuficiência venosa costuma causar edema mais intenso em uma perna , acumulando o líquido ao longo do dia, e melhorando com a elevação das pernas. É comum a presença de varizes visíveis nas pernas e outros sinais de insuficiência venosa, com úlceras varicosas e o escurecimento da pele das pernas (dermatite ocre). A trombose venosa profunda aguda costuma acometer mais uma perna (edema unilateral) e ser acompanhada por calor e vermelhidão local.Pode haver um endurecimento das panturrilhas. Geralmente há um fator predisponente para à trombose venosa , como trauma , imobilização prolongada (exemplo: pós-operatório de cirurgia ortopédica) , insuficiência cardíaca , obesidade , uso de anticoncepcional , doença maligna (cancêr) , entre outras. É uma situação potencialmente grave, pois poderá complicar-se com um tromboembolismio pulmonar (embolia pulmonar).O linfedema costuma causar edema , muitas vezes bilateral , cuja característica principal é ser endurecido, tendo pouca ou nenhuma melhora com à elevação dos membros inferiores . Antecedentes de erisipela de repetição podem ser relatados.
- O edema pode ser generalizado (anasarca), podendo ocorrer desta forma na síndrome nefrótica (perda de proteínas através dos rins) , cirrose hepática e insuficiência cardíaca severa . No edema hepático a ascite precede o edema de membro inferior (ao contário do quadro de insuficiênia cardíaca) e geralmente não há dispnéia (falta de ar), a não ser que haja restrição respiratória pela ascite volumosa. O edema renal pode acometer a face, sendo acompanhado de disfunção renal e suas alterações laboratoriais (aumento dos níveis de uréia e creatinina), além dos sintomas de uremia (fraqueza , náuseas , emagrecimento , prurido e anemia). A principal causa de insuficiência renal no Brasil é a associação de hipertensão arterial e diabete melito. O edema que acomete a face e envolta dos olhos, sugere síndrome nefrótica, gromerulonefrites , hipoproteinemia (falta de proteínas no sangue por perda urinária , desnutrição ou menor produção de proteínas pelo fígado , como na cirrose hepática). O edema angioneurótico (alérgico) e o mixedema (hipotireoidismo severo) , também podem edemaciar a face.
- Diversos medicamentos cardiovasculares podem causar edema (geralmente no tornozelo e nas pernas), devendo ser pesquisados na história clínica. Entre os medicamentos cardiovasculares causadores de edema , merecem destaque os diidroperidínicos (anlodipino , felodipino , nifedipino, etc.), além de outros bloquadores dos canáis de cálcio (diltiazem e verapamil) e a hidralazina (vasodilatador arterial direto).
- O edema cíclico idiopático nas mulheres apresenta um influência hormonal (ciclo menstrual). Não há outras causas que possam justificar esse edema, que afeta mais os tornozelos , pernas e mãos.
Investigação do edema:
A base para o diagnóstico correto da causa do edema é o exame clínico (história clínica e exame físico). Vários exames complementares podem ser solicitados para a investigação, como: exames de sangue (exemplo: dosagem de proteínas no sangue , dosagem de uréia e creatinina para avaliar a função renal , dosagem de sódio , provas de função hepática e da tireóde, etc.) , eletrocardiograma , ecocardiograma (útil para o diagnóstico de insuficiência cardíaca ) , ecografia do abdômem (confirma o diagnóstico de ascite e avalia o estado do fígado e dos rins) , ecodoppler do sistema venoso dos membros inferiores (é útil para o diagnóstico de insuficiência venosa , trombose venosa profunda aguda e linfedema) e outros.

CICATRIZAÇÃO HIPERTRÓFICA E QUELÓIDES

Quelóides e cicatrizes hipertróficas desenvolvem-se como resultado de uma proliferação exagerada de fibroblastos da derme após uma lesão tecidual, havendo acúmulo excessivo de colágeno nos tecidos.Há uma ausência de equilíbrio entre as fases anabólicas e metabólicasaté as 3-4 semanas, com aumento contínuo da produção de colágeno, superior à quantidade que se degrada. A ferida se expande em todas as direções,
elevando-se sobre a pele, de forma profunda Cicatrizeshipertróficas são mais freqüentes que os quelóides
Com relação à prevalência, procedimentos cirúrgicos em determinadas regiões podem serm complicados por quelóides, apesar da excelente técnica. Negros, mestiços e nórdicos são mais propensos. Perfurar orelhas para a colocação de brincos em indivíduos negros pode resultar na formação de quelóides, além de esses indivíduos serem vulneráveis ao desenvolvimento de quelóides em torno do pescoço, devido a pêlos encravados na nuca, provenientes da foliculite. Acnes podem resultar em quelóides na região do osso esterno, no dorso ou nos ombros.Uma cicatriz hipertrófica é limitada à área do trauma, enquanto um quelóide alastra-se além desta, tendo pior prognóstico. O quelóide difere de uma cicatriz hipertrófica, pois se estende além do limite da lesão original.Ambos, clinicamente, aparecem como placas ou nódulos de superfície lisa, brilhante, firmes e protuberantes. Os quelóides são desproporcionais à lesão que os originou podendo ser extremamente feios, apresentar sintomas de prurido e dor, tendo maior tendência à recidiva.
Cicatrizes hipertróficas e quelóides são processos de cicatrização anormal formados por deposição excessiva de matriz extracelular, especialmente colágeno. Uma cicatriz hipertrófica é limitada à área do trauma, enquanto um quelóide alastra-se além desta e tem pior prognóstico. Não pareceu existirem diferenças histológicas entre essas duas alterações cicatriciais. O manejo terapêutico de cicatrizes hipertróficas e quelóides permanece um desafio, não havendo consenso em relação à modalidade
terapêutica mais adequada. Mais estudos são necessários para se chegar à forma de tratamento ideal que otimize o tratamento de pacientes com defeitos cicatriciais.

Fatores que interferem na cicatrização

Infecção

Causa mais comum de atraso do processo cicatricial. Quando a contaminação bacteriana ultrapassa 100000 unidades formadoras de colônia (CFU) ou na presença de qualquer estreptococo beta hemolítico, o processo de cicatrização não ocorre, mersmo com o uso de enxertos ou retalhos. A infecção bacteriana prolonga a fase inflamatória e interfere com a epitelização, contração e deposição de colágeno. Clinicamente há sinais flogísticos, geralmente acompanhados de drenagem purulenta. Nesses casos, deve- se expor a ferida, com retirada das suturas, realizar cuidados locais e antibioticoterapia, se necessário.
Desnutrição
Níveis de albumina inferiores a 2g/dl estão relacionados a uma maior incidência de deiscências, além de atraso na cicatrização de feridas. A deficiência de vitamina C é a hipovitaminose mais comumente associada à falência da cicatrização de feridas. Nesses casos, o processo pode ser interrompido na fase de fibroplasia. Doses de 100 a 1000mg/ dia corrigem a deficiência. A cerência de vitamina A também pode prejudicar o processo de cicatrização A carência de zinco (rara, presente em queimaduras extensas, trauma grave e cirrose hepática), compromete a fase de epitelização.
Perfusão tecidual de O2
A perfusão tecidual depende basicamente de três fatores: volemia adequada, quantidade de hemoglobina e conteúdo de O2 no sangue. Assim, a anemia, desde que o paciente esteja com a volemia adequada, só interfere na cicatrização se o hematócrito estiver abaixo de 15% (VN~36).
Diabetes Mellitus e Obesidade
Pacientes portadores de DM têm todas as suas fases de cicatrização prejudicadas. Nota- se espessamento da membrana basal dos capilares, dificultando a perfusão da microcirculação. Há um aumento da degradação do colágeno, além disso, a estrutura do colágeno formado é fraca. A administração de insulina pode melhorar o processo cicatricial de diabéticos. Indivíduos obesos também apresentam a cicatrização comprometida, provavelmente pelo acúmulo de tecido adiposo necrótico e comprometimento da perfusão da ferida.
Glicocorticóides, quimioterapia e radioterapia
Os glicocorticóides e as drogas citotóxicas interferem am todas as fases da cicatrização. As drogas utilizadas em quimioterapia devem ser evitadas nos primeiros 5-7 dias de pós operatório (fase crítica da cicatrização). A radio terapia também compromete a cicatrização, pois é causa de endarterite com obliteração de pequenos vasos, isquemia e fibrose.

Fases da cicatrização

A cicatrização de feridas pode ser dividida em três fases:


• Fase inflamatória ou exsudativa: é uma fase dominada por dois processos: hemostasia e resposta inflamatória aguda, com objetivo de limitar a lesão tecidual. Dura cerca de 72 horas e corresponde à ativação do sistema de coagulação sangüínea e à liberação de vários mediadores, tais como fator de ativação de plaquetas, fator de crescimento, serotonina, adrenalina e fatores do complemento entre outros. Nesta fase a ferida pode apresentar edema, vermelhidão e dor.
 
• Fase proliferativa ou regenerativa: ocorre a proliferação de fibroblastos, sob a ação de citocinas, dando origem ao prosesso de fibroplasia (síntese de colágeno). A síntese de colágeno é estimulada pela TGF beta e IGF1, e inibida pelo INF gama e glicicorticóides. Simultaneamente, ocorre a proliferação de células endoteliais, com formação de rica vascularização (angiogênese) e infiltração densa de macrófagos, formando o tecido de granulação. Minutos após a lesão, tem inicio a ativação dos queratinócitos na borda da ferida, fenômeno que representa a fase de epitelização. Eles secretam laminina e colágeno tipo IV, formando a membrana basal. Pode durar de 1 a 14 dias e se caracteriza pela formação do tecido de granulação. Nesta fase o colágeno é o principal componente do tecido conjuntivo reposto, por isso a vitamina C auxilia muito nesse processo metabólico da cicatrização da ferida.
 
• Fase de maturação ou reparativa: durante esta última fase da cicatrização a densidade celular e a vascularização da ferida diminuem, enquanto há maturação das fibras colágenas. Nesta fase ocorre uma remodelação do tecido cicatricial formado na fase anterior. O alinhamento das fibras é reorganizado a fim de aumentar a resistência do tecido e diminuir a espessura da cicatriz, reduzindo a deformidade. Esta fase tem início no terceiro dia e pode durar até seis meses.

A contração da ferida é um dos principais fenômenos da fase de maturação. Durante o processo, as bordas são aproximadas, reduzindo a quantidade de cicatriz desorganizada. A contração caracteriza- se pelo movimento centrípeto da pela nas bordas da ferida, impulsionada pela ação dos miofibroblastos.

Sinalização celular

A sinalização celular faz parte de um complexo sistema de comunicação que governa e coordena as actividades e funções celulares. A habilidade que as células possuem em perceber e correctamente responder ao seu ambiente envolvente, forma a base do desenvolvimento, da reparação de tecidos, da imunidade e de outras funções de homeostasia em tecidos. Erros existentes no processamento de informação celular são responsáveis por doenças como o cancro, a autoimunidade e diabetes. Ao se entenderem melhor os processos de sinalização celular, muitas doenças poderão ser tratadas de maneira mais eficaz e, em teoria, tecidos artificiais poderão ser fabricados.
Todos os fatores de crescimento funcionam por ligações a receptores específicos, que distribuem sinais ás células-alvo.Esses sinais têm dois efeitos gerais:(1) estimulam a transcrição de muitos genes que estavam silenciosos nas demasi célulase (2) vários desses genes regulam a entrada de células no ciclo celular e sua passagem através dos vários estágios desse ciclo.Nesta seção revisaremos os processos da transdução do sinal iniciado pelo receptor conforme se aplicam aos fatores de crescimento e moléculas de sinalização em geral e seu papel na regulação do ciclo celular.
A proliferação celular é umm processo firmemente regulado que envolve um grande número de moléculas e vias inter-relacionadas.O primeiro evento inicia a proliferação celular é, em geral, a ligação de uma molécula de sinalizaçã, o ligante, a um receptor celular específico.Como podemos ver, bos ligantes típicos são fatores de crescimento e proteínas da MEC.Serão destcritas diferentes classes de moléculas receptoras e as vias pelas quais a ativação receptora inicia uma cascata de eventos levando á expressão de genes específicos.Com base na fonte do ligante e na localização de seus receptores- nas mesmas células adjacentes ou distantes- , três modelos gerais de sinalização, chamados de autócrino.parácrino e endócrino, podem ser distinguindo:
SINALIZAÇÃO AUTÓCRINA: as celulas respondem ás moléculas de sinalizaçao que elas mesmas secretam, estabelecendo assim uma alça autócrina. Vários fatores de crescimento polipeptídeos e citocinas agen dessa maneira. A regulação dos crescimento autócrino desempenha uma função na regeneração do fígado,proliferação de linfócitos estimulados por antígenos e crescimento de alguns tumores.Os tumores, com frequência, produzem em excesso fatores de crescimento e seus receptores.então, estimulam sua própria proliferação através de uma alça autócrina.

SINALIZAÇÃO PARÁCRINA: um tipo de célula produz o ligante o qual atua nas células-alvo adjacentes que expressam os receptores apropriados.As células reagentes estão em íntima proximidade com a célula produtora de ligante e são em geral, de um tipo diferente. A estimulação parácrina é comum na reparação do tecido conjuntivo da cicatrização de ferimentos, em que um fator produzido por um tipo de célula (p.ex um macrófago) tem seu efeito de cresciemnto nas células adjacentes (p. ex. um fibroblasto ). A sinalização parácrina é também é necessaria á replicação de hepatócito durante a regeneração hepática. Um tipo especiaol de sinalização parácrina , denominada justácrina , ocorre quando a molécula sinalizadora (p. ex, fator necrosante de tumor, TGF-alfa e fator de crescimento epidérmico ligado á heparina ) estiver estabilizada na membrana plásmatica de outra célula. Neste tipo de sinalização, a interação receptor-ligante é dependente e promove a adesão célula-célula.
SINALIZAÇÃO ENDÓCRINA: os hormônios são sintetizados pelas células dos orgãos endócrinos e atuam nas células-alvo distantes de seu local de síntese, sendo carregados, em geral, pelo sangue.Os fatores de crescimento também podem circular e atuar em locais diferentes, como no caso do HGF. Várias citocinas, como aquelas associadas aos aspectos sistêmicos da inflamação também atuam como agentes endócrinos.

Uso de fatores de crescimento epidérmico e estimulador de colônias de granulócitos na prevenção e tratamento da enterocolite necrosante no recém-nascido

Neonatos prematuros não amamentados com leite materno


perdem a oportunidade de exposição a peptídeos

biologicamente ativos, como o EGF e o G-CSF. Tal fato

pode resultar em maior susceptibilidade à lesão intestinal e

comprometimento das funções intestinais essenciais.

O uso de fatores de crescimento no tratamento e prevenção

da ECN neonatal tem mostrado bons resultados iniciais. Entretanto,

novos ensaios clínicos são necessários para verificar

a eficácia e a segurança dessas drogas.

Outras medidas, como a suplementação da dieta com arginina

e o uso de prebióticos e probióticos para a prevenção

da ECN, estão em avaliação. Enquanto isso, a melhor prática

médica é a prevenção da doença, com estímulo ao uso do leite

materno e progressão lenta da dieta.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Regeneração hepática

A regeneração hepática, representa um mecanismo de proteção orgânica contra a perda de tecido hepático funcionante seja por injúria química, viral, perda traumática, ou por hepatectomia parcial (HP)1-8. Na Grécia antiga, relatou-se a regeneração hepática através do mito de Prometheus. Tendo descoberto o segredo do fogo dos Deuses do Olimpo, Prometheus foi condenado a alimentar diariamente uma águia com uma porção do seu fígado. No entanto, durante a noite, seu fígado regenerava provindo a águia com eterno alimento e submetendo Prometheus a uma eterna tortura. O primeiro modelo experimental bem sucedido para o estudo da regeneração hepática foi introduzido por Higgins e Anderson em 1931. Esse modelo contemplou a remoção cirúrgica dos lóbulos lateral esquerdo e mediano do fígado de ratos, constituindo aproximadamente 67 a 70% da massa hepática total desses animais. Apesar de ser largamente utilizado, o termo “regeneração” é biologicamente incorreto, uma vez que a resposta induzida pelo dano tecidual hepático promove hiperplasia e hipertrofia compensatória do tecido remanescente, até o restabelecimento da massa hepática primitiva. No entanto, os lóbos ressecados não são recuperados. Nos últimos anos surgiram novos conhecimentos sobre os fatores envolvidos no processo de regeneração hepática, assim como o efeito específico de fatores de crescimento e nutrientes.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Cicatrização

Tipo mais freqüente de reparação, caracterizado pela neoformação de tecido conjuntivo fibroso (cicatriz), substituindo as células parenquimatosas perdidas; ie com ß na relação Parênquima/Estroma.


A cicatrização pode ocorrer de maneira excessiva, formando o "Queloide", comum nas cicatrizações por 2a intenção [ver abaixo] e nos eqüinos e suínos. Quando ocorre em órgão parenquimatoso, se a massa fibrótica na víscera exceder a reserva funcional do parênquima ["Fibrose ou Carnificação do órgão"] pode-se ter como consequência uma insuficiência.


A cicatrização pode ocorrer de duas maneiras:

por 1a intenção
por 2a intenção

Regeneração

Regeneração: ou Reconstituição da integridade anatômica e funcional ("Curatio cum restutio ad integrum") sem modificação na relação Parênquima/Estroma - Comum em órgãos com células lábeis e estáveis, portadoras de inflamações agudas exsudativas ( com rápida reabsorção). Exemplos: Pneumonia lobar, hepatite, gastroenterocolites e linfadenites.






A regeneração pode ocorrer de maneira descontrolada ["Regeneração Patológica"] quando o arcabouço de orientação e sustentação das células parenquimatosas - o Estroma - foi também seriamente agredido e não se organiza em tempo hábil para orientar o processo de regeneração. Nesses casos, a regeneração pode ocorrer desordenadamente, resultando numa proliferação de células parenquimatosas sem a preservação da arquitetura tissular do órgão em questão. Exemplo clássico: Proliferação pseudo - regenerativa dos hepatócitos na Cirrose [forma-se nódulos e não traves de hepatócitos].

OCRONOSE

Ocronose ou alcaptonúria é uma condição mórbida, rara, devido a um erro inato do metabolismo da fenilalanina e tirosina, transmitido de forma autossômica recessiva. Resultando na deficiência completa da enzima ácido homogentísico oxidase (HGO), causada por mutação no gene 3q (3q21 – q23), levando ao acúmulo do ácido em diversos órgãos e tecidos, com aumento de sua excreção urinária. As manifestações clinicas caracterizam-se por pigmentação sepia da esclera e das cartilagens da orelha e do nariz. Observa-se ainda, coloração negra e pardo-esverdeada das secreções sebáceas.
As manifestações osteoarticulares surgem por volta de 30 anos, como uma artropatia crônica, provocada pela infiltração do ácido gentisico nas cartilagens articulares. Na coluna vertebral, lembram a espodiloartrose, com extensa calcificação dos discos intervertebrais, especialmente na região lombar; a calcificação e a ossificação incluem a sínfese púbica, a cartilagem costal, os ligamentos e os tendões periféricos. A calcificação progressiva dos discos intervertebrais leva a formação de pontes osseas, originando a imagem radiológica de “coluna em ferrovia”. No esqueleto periférico, os joelhos, os quadris e os ombros são mais acometidos da formação de osteofitos e cistos subcondrais, devido a doença articular degenerativa.

O depósito de pigmento ocronótico pode ocorrer, também, na membrana timpânica e ossículos do ouvido médio causando hipoacuisa ou surdez. Na pele exibe coloração azul enegrecida em regiões de alta concentração de glândulas sudoríparas e de tecido cartilaginoso.

O pigmento ocronótico pode formar cálculos na bexiga, rins, ureteres e uretra. O local mais acometido é a próstata, cujo pH alcalino resulta na rápida polimerização do ácido homogentísico. Os cálculos resultam tanto em obstrução

– Artropatia ocronótica não apresenta cura até o presente momento, pois a deficiência da enzima não pode ser tratada. Deve ser feita restrição de tirosina e fenilalanina da dieta, o que reduziria a excreção do ácido homogentísico na urina. Alguns estudos sugerem que altas doses do ácido ascórbico previnam a interação do pigmento ocronótico com os tecidos. Ensaios clínicos estão avaliandoesical como prostática, ocorrendo infecções repetidas do trato urinário e uremia.

Diagnóstico diferencial – O diagnóstico diferencial deve incluir artropatia hemofílica, sinovite vilonodular pigmentada, artropatia associada a hemocromatose e espondilite anquilosante.

Tratamento – Artropatia ocronótica não apresenta cura até o presente momento, pois a deficiência da enzima não pode ser tratada. Deve ser feita restrição de tirosina e fenilalanina da dieta, o que reduziria a excreção do ácido homogentísico na urina. Alguns estudos sugerem que altas doses do ácido ascórbico previnam a interação do pigmento ocronótico com os tecidos. Ensaios clínicos estão avaliando a eficácia do nitisinose, inibidor da enzima precursora do ácido homogentísico.A terapêutica atual baseia-se em medidas sintomáticas como o uso de analgésicos, antiinflamatórios não-hormonais (AINHs), fisioterapia, infiltração intra-articular com corticóide. Finalmente, artroplastia de ombros, quadris e joelhos se faz necessária naqueles casos graves de artropatia ocronótica.

PIGMENTAÇÃO ENDÓGENA

A pigmentação endógena pode ser dividida em dois grupos: grupo dos pigmentos hemáticos ou hemoglobinógenos, oriundos da lise da hemoglobina, e grupo dos pigmentos melânicos, originados da melanina.



PIGMENTOS HEMÁTICOS OU HEMOGLOBINÓGENOS


Hemossiderina: resultado da polimerização do grupo heme da hemoglobina, a hemossiderina é uma espécie de armazenagem do íon ferro cristalizado. Este se acumula nas células, principalmente do retículo endotelial. É originada da lise de hemácias, de dieta rica em ferro ou da hemocromatose idiopática (alteração da concentração da hemoglobina nos eritrócitos).Sua cor é amarelo-acastanhado.


Porfirinas: pigmento originado semelhantemente à hemossiderina, sendo encontrado mais na urina em pequena quantidade. Quando há grande produção deste, pode ocasionar doenças denominadas de "porfirias".

Pigmentação exógena

ANTRACOSE: pigmentação por sais de carbono. Comum sua passagem pelas vias aéreas, chegando aos alvéolos pulmonares e ao linfonodos regionais por intermédio da fagocitose do pigmento. A antracose em si não gera grandes problemas, mas sua evolução pode originar disfunções pulmonares graves, principalmente em profissionais que constantemente entram em contato com a poeira de carvão. Cor: varia do amarelo-escuro ao negro.







SIDEROSE: pigmentação por óxido de ferro. Cor: ferrugem.






ARGIRIA: pigmentação por sais de prata. Geralmente é oriunda por contaminação sistêmica por medicação, manifestando-se principalmente na pele e na mucosa bucal. Cor: acinzentada a azul-escuro e enegrecida se a prata sofrer redução.






BISMUTO: Atualmente é rara de ser vista, sendo comum na terapia para sífilis. Cor: enegrecida.



Pigmentação dentária por Clorexidina

O processo de pigmentação causado pela clorexidina ainda não é totalmente conhecido, mas hábitos alimentares e de higiene, além do tabagismo, podem ser potencializadores do processo 7. Acredita-se que a formação das manchas pode estar associada à formação de compostos derivados das reações que se processam entre a clorexidina e substâncias presentes na boca, muitos deles derivados da dieta, como por exemplo, o ferro 29. A ingestão de chá e café, concomitantemente ao uso da clorexidina, por exemplo, causa acentuação no quadro de pigmentação 22. Uma análise de diferentes superfícies dentais pigmentadas pela clorexidina e a sua relação com a presença de moléculas metálicas e sulfúricas levaram à conclusão de que partículas metálicas e sulfúricas contribuem para a pigmentação mais acentuada dos dentes quando se faz uso da clorexidina

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Esteatose hepática

Também conhecida como degeneração gordurosa do fígado, é um achado comum que consiste no acúmulo de triglicerídeos e outros lipídios (gorduras) nas células do fígado, os hepatócitos. A esteatose hepática não é uma doença. É uma alteração morfofisiológica dos hepatócitos que ocorre em conseqüência de diversas desordens metabólicas. É a enfermidade crônica mais comum do fígado. Na esteatose grave, os lipídios constituem até 40% do peso do fígado, e o peso desse órgão pode aumentar de 1,5 kg até 4,9 kg. A esteatose em geral é reversível apenas pela eliminação da causa. Temos que ter em mente, em contrapartida, que a esteatose pode ser a causa de infecções recorrentes e pode causar morte súbita pela migração de êmbolos de gordura originada do fígado para os pulmões.

Degeneração do Disco Intervertebral Lombar

A degeneração do disco intervertebral é um problema na região lombar que pode ocasionar complicações como estenose espinhal, espondilolistese e retrolistese. Na verdade a degeneração do disco intervertebral não é uma doença, mas uma condição degenerativa que pode causar dor e afetar sua qualidade de vida.

A degeneração de disco é parte normal do processo de envelhecimento e geralmente não é um problema. Porém, quando o esporão do osso cresce adjacente aos discos, eles podem pinçar ou colocar pressão nas raízes dos nervos próximas ou canal espinhal, ocasionando dor.

Envelhecimento é a causa mais comum de degeneração do disco. À medida que o corpo envelhece, os discos na espinha desidratam e perdem a capacidade de agir com absorvedores de choque entre as vértebras. Os ossos e ligamentos que constituem a espinha também ficam menos flexíveis e mais espessos. Diferente dos músculos, há pouco suprimento de sangue para os discos, de modo que falta a eles a capacidade de repararem-se por si mesmos.

Osteoartrite

A osteoartrite é uma afecção degenerativa da cartilagem hialina
articular que acomete, mais frequentemente, pessoas acima
dos 50 anos de idade. Manifesta-se por dor, rigidez e prejuízo
funcional da articulação atingida. Classifi ca-se em primária (ou
idiopática) e secundária. Alguns fatores de risco são genética,
etnia, idade, sexo, obesidade, atividades ocupacionais e alterações
biomecânicas articulares. Quaisquer que seja a localização e a
causa, a patogênese se constitui em mudanças catabólicas, com
inibição da síntese e tentativa de reparo da matriz cartilaginosa.
Ações de metaloproteinases e de citocinas (IL-1, IL-6 e TNF-
são responsáveis pelos sinais infl amatórios que ocorrem e pela
degradação da cartilagem. As formas mais freqüentes de osteoartrite
periférica ocorrem em joelho, coxofemoral e mão, sendo a dor o
sintoma mais importante, quase sempre desproporcional aos
achados radiológicos. O diagnóstico se fundamenta nos aspectos
clínicos, laboratoriais e de imagem. As associações científi cas
recomendam um roteiro de tratamento que envolve recursos não
farmacológicos (educação, fi sioterapia, órteses), farmacológicos
(analgésicos, antiinfl amatórios, infi ltrações de corticóides,
viscossuplementação, medicamentos de ação lenta) e cirurgia. A
artroplastia parece ser a mais efetiva das medidas, mas é restrita a
casos que não responderam às outras ações.
α)

sábado, 21 de agosto de 2010

Lesões celulares irreversíveis


 As células do nosso organismo devem ser mantidas em condições constantes no que diz respeito à temperatura, irrigação sangüínea, oxigenação e suprimento de energia (homeostase)
 
Pequenos desvios nestas condições podem ser tolerados, dependendo do tipo da célula atingida, por períodos variáveis de tempo, sem prejuízo da sua função e sem alterações estruturais.
 
Caso a mudança nas condições do ambiente celular seja um pouco mais intensa ou prolongada, podem ocorrer alterações adaptativas como hiperplasia, hipertrofia, atrofia.
 
Agressões mais intensas ou prolongadas podem levar a alterações celulares reversíveis como a esteatose. Estas alterações são chamadas reversíveis pois caso o estímulo agressor seja retirado ou cesse, as células retornam ao seu estado normal, funcionalmente e morfologicamente.
 
Caso o estímulo agressor seja mais prolongado ou mais intenso, ocorre lesão celular irreversível, culminando com a morte da célula.

Existem diversos fatores que influenciam no destino da célula exposta a condições anormais:
 
I - Fatores ligados ao agente agressor
 
    1) Tipo de agente agressor
    2) Intensidade da agressão
    3) Duração da agressão
 
II - Fatores ligados à célula agredida.
 
    1) Tipo de célula agredida
    2) Estado fisiológico da célula
 
Os sistemas das células são de tal modo interligados, que qualquer que seja o ponto inicial da lesão celular, a tendência é que com o passar do tempo, todos os sistemas da célula sejam atingidos. Quatro desses sistemas são especialmente vulneráveis:
 
    1) Membranas - de cuja integridade depende o controle das substancias que saem ou entram na célula
    2) Respiração aeróbica - da qual dependem os sistemas que utilizam energia, inclusive as membranas
    3) Síntese proteica - que produz proteínas estruturais, enzimas e outras
    4) Aparato genético da célula - indispensável para a manutenção da síntese proteica, entre outras funções
 
Há duas formas de morte celular: necrose e apoptose.

Necrose:

Necrose é o conjunto de alterações morfológicas que se seguem à morte celular em um organismo vivo. É sempre patológica.
  
As membranas das células necróticas perdem a sua integridade, ocorrendo extravasamento de substâncias contidas nas células. Isto tem importância clínica pois algumas delas são especialmente abundantes em determinados tipos celulares. Estas substâncias entram na corrente circulatória, podendo ser detectadas e interpretadas como evidência de morte celular. Nos casos de infarto agudo do miocárdio, por exemplo, Troponinas (Tn-I e Tn-T) e creatina quinase (CK-MB) acham-se presentes ou elevadas no sangue periférico, onde podem ser dosadas, constituindo assim importante método diagnóstico.
 
Como conseqüência da necrose ocorre inflamação nos tecidos adjacentes para a eliminação dos tecidos mortos e posterior reparo. Durante este processo inflamatório acumulam-se leucócitos na periferia do tecido lesado, que liberam enzimas úteis na digestão das células necróticas.
 
O aspecto morfológico da necrose resulta da digestão das células necróticas por suas próprias enzimas (autólise) ou de enzimas derivadas dos leucócitos (heterólise).
 
A necrose ocorre após a morte da célula, razão pela qual a capacidade de diagnostica-la morfologicamente varia de acordo com o método de observação. Nos casos de infarto do miocárdio a necrose pode ser observada ao microscópio eletrônico, em ½ a 4 horas após a morte celular, ao microscópio óptico pode ser percebida em 4 a 12 horas. A olho nu só começamos a ver a necrose 12 a 24 horas após a morte celular.
 
Ao microscópio óptico percebemos alterações citoplasmáticas e alterações nucleares.
 
As alterações citoplasmáticas consistem em aumento da acidofilia, retração e vacuolização. As alterações nucleares consistem em cariopicnose (retração e aumento da basofilia nucleares), cariorréxis (fragmentação do núcleo) e cariólise (dissolução nuclear).

  Cariólise

De acordo com a causa da necrose e com o tecido lesado o seu aspecto pode variar.
 
Morfologicamente distinguimos diversos tipos de necrose:
 
1 - Necrose de coagulação: na qual conseguimos perceber por alguns dias uma “sombra” das células necróticas. O tecido é inicialmente firme e pálido ou amarelado. Neste tipo de necrose ocorre desnaturação das proteínas celulares. Ocorre por exemplo no infarto do miocárdio.

Infarto esplênico
 
2 - Necrose de liquefação: o tecido necrótico se liqüefaz rapidamente. Ocorre principalmente nas infecções bacterianas com formação de pus e no sistema nervoso central.

Abscesso cerebral
 
3 - Necrose caseosa: é uma forma diferente de necrose de coagulação, na qual o tecido se torna branco e amolecido. É habitualmente encontrada na tuberculose.

Tuberculose pulmonar
 
4 - Necrose gordurosa (ou enzimática): geralmente causada pelo extravasamento e ativação de enzimas pancreáticas que digerem a gordura do pâncreas, do epíploo e do mesentério. Encontrada na pancreatite aguda. Às vezes ocorre por traumatismo que ocasiona ruptura dos adipócitos; encontrada principalmente na mama feminina.


Necrose enzimática da gordura
 
5 - Gangrena: não é propriamente um tipo de necrose, geralmente se referindo à necrose de um membro por perda do seu suprimento sangüíneo, às vezes complicada por infecção bacteriana (gangrena úmida, gangrena gasosa).

Gangrena do pé

Evolução da necrose:

Geralmente como conseqüência da necrose há um processo inflamatório que se encarrega de digerir as células mortas para que possam ser reabsorvidas e substituídas por células semelhantes àquelas destruídas (regeneração) ou por tecido fibroso (cicatrização). Em algumas ocasiões o tecido necrótico pode sofrer calcificação (calcificação distrófica), como por exemplo na tuberculose primária e na pancreatite, ou ainda encistamento (pseudocisto do pâncreas) ou eliminação (caverna tuberculosa).

Apoptose:

Também chamada de morte celular programada em virtude do seu mecanismo envolver  a degradação do DNA e das proteínas celulares segundo um programa celular específico. Nesta forma de morte celular não há vazamento de proteínas através da membrana celular, ocorrendo fagocitose da célula apoptótica sem inflamação local.

A apoptose pode ser fisiológica ou patológica.

Exemplos de apoptose fisiológica são a destruição programada de células durante a embriogênese e a involução mamária após a lactação.

A apoptose patológica ocorre em condições tais como  hepatite por vírus (hepatócitos apoptóticos), atrofia acinar após a obstrução de ductos glandulares e destruição de células lesadas por radiação.

Morfologicamente as células apoptóticas diminuem de tamanho, exibem cromatina condensada formando agregados próximos à membrana nuclear. A seguir há formação de corpos apoptóticos (fragmentos celulares), percebendo-se finalmente a fagocitose das células ou de seus fragmentos por macrófagos, sem inflamação.

hepatócito apoptótico em caso de hepatite por vírus.

Os mecanismos bioquímicos da apoptose compreendem a clivagem de proteínas por hidrólise  que envolve as caspases (proteases), que normalmente acham-se contidas nas células sob forma de pró-enzimas. Estas enzimas não só hidrolisam proteínas mas também ativam DNAses, que degradam o DNA nuclear. Mudanças na membrana plasmática das células apoptóticas que passam a expressar determinadas substâncias químicas (fosfatidilserina), as tornam precocemente alvo de fagocitose pelos macrófagos, sem a liberação de substân

sábado, 14 de agosto de 2010

Isquemia

Definição
Isquemia é definida como sendo o fluxo arterial insuficiente para manter as funções
normais teciduais, isto é a diminuição de nutrientes (glicose, oxigênio, proteínas,
vitaminas, enzimas, etc) para os tecidos e o retardo na retirada dos metabólitos. A
isquemia pode ser total quando o fluxo arterial for insuficiente para manter a vida
celular ou tecidual, ou parcial que mantém a viabilidade celular, porém com risco de
evoluir para a morte celular, dependendo da nobreza do tecido e do tempo em
isquemia. Já a hipóxia é somente a diminuição de oferta de oxigênio aos tecidos,
mas, também é lesiva aos tecidos. (1).
A isquemia de membro aguda é qualquer decréscimo agudo ou piora da perfusão
do membro causando potencial ameaça à viabilidade da extremidade.(2)
A síndrome do dedo azul (blue toe) é um exemplo de isquemia aguda, caracterizada
dor súbita, cianose dos pododáctilos e antepé devido à embolia (ateroembolismo) de
fonte arterial e que mantém todos pulsos presentes, com oclusão das artérias digitais.
Quadro semelhante também pode acontecer para os membros superiores.(2,3)
Isquemia aguda difusa do membro é caracterizada por dor súbita e progressiva,
entorpecimento, enfraquecimento, paralisia da extremidade, acompanhada de
palidez, às vezes cianose, esfriamento, e ausência de pulsos. Isquemia aguda é
tipicamente causada por embolia para artéria distante da fonte embolígena, ou
oclusão de artéria nativa por trombose devida a doença pré-existente ou pósrevascularização.(
2,3)
A isquemia crônica de membro é aquela que apresenta dor ao exercício e alívio em
repouso, devida à doença arterial, exemplo claudicação intermitente. (2)
Claudicação intermitente consiste em fraqueza, desconforto, câimbra muscular, dor
só ao exercício (ao caminhar) dos membros inferiores e melhora em repouso,
conseqüente à doença arterial. Os sintomas ocorrem tipicamente nos grupos
músculos distais à(s) estenose(s) ou à oclusão arterial e podem acometer as
nádegas, coxas e panturrilhas. A dor é causada pela insuficiência fluxo arterial para
manter a demanda metabólica durante o exercício muscular, entretanto os receptores
da dor ainda são desconhecidos. O termo claudicação só pode ser usado para os
membros inferiores, pois, origina do latim claudicare que significa: coxear, manquejar,
não ter firmeza nos pés. (2-4)
Isquemia crônica crítica de membro deve ser usada para todos doentes portadores
de isquemia crônica com dor em repouso de forte intensidade e persistente (por mais
de quatro semanas), úlceras ou gangrena, requerendo analgésicos especiais como
opiáceos e atribuída objetivamente à doença arterial. A não cicatrização das úlceras
deve ser decorrente da isquemia (excluir neuropatia, infecção e outros fatores).A gangrena deve ser conseqüente da isquemia do antepé (excluir os casos de
ateroembolismo). Esta definição coincide com os estágios III e IV da classificação de
Fontaine e também com as categorias 4, 5 e 6 de Rutherford das novas
recomendações das “Society for Vascular Surgery e The International Society for
Cardiovascular Surgery. (2,4)”.
Dor é definida como uma experiência desagradável sensorial e ou emocional,
associada a lesões teciduais reais ou potenciais(5).
Dor em repouso é definida como: a dor em repouso ou isquemia podálica difusa e
principalmente localizada no antepé ou pododáctilos, pode se manifestar mais
proximal também, mas não poupa as partes distais, devida a isquemia crônica, e não
é aliviada com analgésicos comuns. Piora com elevação do membro, é diminuída
com o membro pendente e é piorada à noite. A dor é causada pelo fluxo arterial
insuficiente para manter a demanda metabólica dos tecidos em repouso. (1,2,3,4)
Cianose fixa é definida como sendo a coloração cianótica das extremidades que não
se altera com a mudança de posição ou elevação, devida a isquemia, normalmente
não reversível, caracterizando a pré-gangrena.
Gangrena é necrose (morte celular, de tecido ou de órgão) devido à obstrução, ou
diminuição do fluxo sangüíneo; pode ser localizada numa pequena área ou
comprometer o membro inteiro ou órgão, e pode ser seca (mumificação) ou úmida.
Caracterizada por cianose fixa, anestesia dos tecidos envolvidos, progredindo para a
necrose (morte tecidual) como resultado da redução do fluxo arterial e sendo
insuficiente para o mínimo metabolismo requerido para manter a vida celular.
(1,2,3,4)
Úlcera isquêmica é devida à insuficiência de fluxo arterial, ou mínimo trauma de um
tecido isquêmico, e que a cicatrização é possível com aumento do fluxo arterial na
maioria das vezes requerendo fluxo pulsátil. Essa úlcera normalmente é muito
dolorida e está presente mais tipicamente nas extremidades.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Mecanismos fundamentais da lesão celular

Embora nós vivamos em um ambiente sujeito a amplas variações nas suas condições, com extremos de temperatura, umidade do ar, pressão de O2, qualidade do ar, etc., o ambiente interno em que as células estão, sofre pequenas alterações. Isto porque somos dotados de mecanismos de proteção e regulação que por exemplo aquecem o ar frio que inalamos, umedece o ar seco e mantém o fluxo sangüíneo dentro de limites ideais.
Pequenas variações, como por exemplo pequenas oscilações da oferta de glicose são toleradas sem prejuízo para as células, que permanecem integras funcional e morfologicamente (homeostase).
Em algumas situações, como uma demanda por maior trabalho das fibras musculares, pode ocorrer adaptação celular, neste caso hipertrofia. Estas adaptações podem ocorrer em situações normais como a gravidez (hiperplasia dos ácinos mamários), menopausa (atrofia do endométrio) ou situações anormais, como ocorre na hipertensão arterial, por causa do aumento da resistência vascular periférica e que produz hipertrofia cardíaca. Caso este estímulo nocivo seja mais intenso ou mais prolongado, a capacidade adaptativa da célula é excedida e ocorre lesão celular.

Esta lesão celular pode ser reversível ou irreversível.

A lesão celular reversível ocorre quando a célula agredida pelo estímulo nocivo sofre alterações funcionais e morfológicas, porém mantém-se viva, recuperando-se quando o estímulo nocivo é retirado ou cessa.

A lesão celular é irreversível quando a célula torna-se incapaz de recuperar-se depois de cessada a agressão, caminhando para a morte celular.


Causas de lesão celular

 1) Privação de oxigênio (hipóxia ou anóxia) - asfixia, altitudes extrema

2) Isquemia - obstrução arterial.
3) Agentes físicos - trauma mecânico, queimaduras, radiação solar, choque elétrico.
4) Agentes químicos - álcool, medicamentos, poluentes ambientais, venenos, drogas ilícitas.
5) Agentes infecciosos - vírus, bactérias, fungos.
6) Reações imunológicas - doenças auto-imunes, reação anafilática.
7) Defeitos genéticos - anemia falciforme.
8) Alterações nutricionais - obesidade, mal-nutrição.

Mecanismos de lesão celular

Princípios:
1) A resposta celular depende do tipo da agressão, sua duração e sua intensidade
2) As conseqüências da agressão à célula dependem do tipo celular, estado e adaptabilidade da célula agredida.
3) As lesões celulares causam alterações bioquímicas e funcionais em um ou mais componentes celulares.
    a) respiração aeróbia
    b) membranas celulares
    c) síntese protéica
    d) citoesqueleto
    e) aparato genético da célula

Mecanismos
1 - Depleção do ATP
2 - Lesão mitocondrial
3 - Influxo de cálcio para o citosol e perda da homeostase do cálcio
4 - Acúmulo de radicais livres do oxigênio
5 - Defeitos na permeabilidade das membranas

Quando há depleção do ATP (por anóxia, isquemia, envenenamento), a falta de energia produz falha das bombas de sódio e potássio, que são localizadas na membrana celular. Com isto há entrada de Na e água e saída de K, produzindo edema intracelular.
A célula então inicia glicólise anaeróbia, que é menos eficiente, gerando menos energia, produzindo substâncias ácidas (ácido lático, fosfatos inorgânicos) e exaurindo os depósitos celulares de glicogênio. Com isto há queda do pH intracelular.
A falha na bomba de Cálcio faz com que o cálcio comece a se acumular no citosol, ativando enzimas tais como as proteases, ATPases, endonucleases e outras, que causam destruição de componentes importantes da célula (proteínas, ATP, ácidos nucléicos,membranas), podendo levar à morte celular.
O retículo endoplasmático rugoso começa a perder os seus ribossomos, ocorrendo prejuízo ou parada da produção de proteínas (estruturais e funcionais), o que pode culminar na morte da célula.

Lesão mitocondrial
Lesões celulares freqüentemente são acompanhadas por alterações morfológicas das mitocôndrias. As mitocôndrias são lesadas por diversos mecanismos, tais como perda da homeostase do cálcio, cuja concentração aumenta no citosol, stress oxidativo e fragmentação dos fosfolipídios. O aparecimento de poros na membrana mitocondrial pode levar à morte da célula.

Influxo de cálcio para o citosol e perda da homeostase do cálcio
A homeostase do cálcio é indispensável para a manutenção das funções celulares. A falência da bomba de cálcio promove a sua entrada para a célula e seu acúmulo no citoplasma, além do seu escape das mitocôndrias e  do retículo endoplasmático para o citosol. O cálcio promove a ativação de diversas enzimas. Estas enzimas ativadas promovem a inativação do ATP (ATPases), lise das membranas celulares (fosfolipases), lise das proteínas estruturais e das membranas (proteases) e fragmentação da cromatina (endonucleases).

Acúmulo de radicais livres do oxigênio
Como conseqüência do metabolismo celular normalmente há formação de pequena quantidade de radicais livres, que tem potencial lesivo para as células. Estas possuem mecanismos de defesa que evitam danos por estes radicais livres (vitamina C, catalase, super óxido-dismutases, glutation peroxidase, ferritina, ceruloplasmina). Porém um desequilíbrio neste sistema (aumento da formação e/ou diminuição da inativação) pode levar a lesões celulares. Há diversos mecanismos para formação destes radicais livres: absorção de radiação ionizante, metabolismo de determinadas drogas, geração de óxido nítrico (NO) e outros. As conseqüências desta agressão por radicais livres são diversas, mas as principais são: peroxidação dos lipídios das membranas, oxidação de proteínas e lesões do DNA.

Defeitos na permeabilidade das membranas
A perda da permeabilidade seletiva das membranas celular, mitocondrial, lisossomal, causa uma série de transtornos à célula, permitindo a entrada ou escape de substâncias. Esta lesão pode ser causada por falta de energia (isquemia) ou por lesão direta por toxinas, vírus, substâncias químicas, fragmentos do complemento, etc. Os mecanismos bioquímicos envolvidos são: disfunção mitocondrial, perda de fosfolipídios das membranas, anormalidades no citoesqueleto, radicais livres, subprodutos da fragmentação dos lipídios.

As lesões celulares reversíveis podem levar à inchação da célula (edema celular) ou ao acúmulo de gordura (esteatose).

O edema intracelular ocorre quando a célula é incapaz de manter o seu equilíbrio iônico, ocorrendo entrada e acúmulo de sódio e água na célula. Ao microscópio ótico nota-se aumento do tamanho da célula, que geralmente torna-se arredondada e com citoplasma pálido, às vezes percebendo-se pequenos vacúolos. O núcleo mantém-se na sua posição normal. Ocorre princialmente nas células tubulares renais e nas células miocárdicas. Macroscopicamente o órgão acha-se com peso e volume aumentados, pálido e túrgido.

A esteatose ocorre por hipóxia, agressão por toxinas ou alterações metabólicas. Neste caso formam-se vacúolos pequenos ou grandes de gordura no citoplasma, que podem deslocar o núcleo para a periferia da célula. Ocorre principalmente nos hepatócitos e células miocárdicas. Macroscopicamente o órgão acha-se com peso e volume aumentados, mole, amarelado.

As lesões celulares irreversíveis levam à morte da célula por um de dois possíveis mecanismos: necrose ou apoptose.

Pode-se definir necrose como as alterações que ocorrem após a morte celular em um organismo vivo. É sempre patológica e habitualmente provoca inflamação no local afetado. Estas alterações podem ser inicialmente vistas ao microscópio eletrônico, posteriormente ao microscópio ótico e finalmente a olho nu.
http://www.fo.usp.br/lido/patoartegeral/patoartenec.htm