A creatinina é um composto orgânico nitrogenado e
não-protéico formado a partir da desidratação da creatina. A creatina é
sintetizada nos rins, fígado e pâncreas e transportada para outros
órgãos como músculo e cérebro, onde é fosforilada a fosfocreatina,
através de reação catalisada pela creatina quinase. Uma parte da
creatina livre no músculo não participa desta reação e é convertida
espontaneamente em creatinina. A cada dia, 1 a 2% da creatina dos
músculos é convertida em creatinina.
Como
a quantidade de creatinina endógena produzida é proporcional à massa
muscular, sua produção varia com o sexo e a idade da pessoa. O homem não
obeso excreta em torno de 1,5 g/dia e a mulher 1,2 g/dia. A excreção
diária pode ser 10 a 30% maior como resultado da ingesta de creatina e
creatinina presentes em carnes.
Uma vez que a
creatinina produzida endogenamente, é liberada nos fluidos corporais a
uma taxa constante e os valores plasmáticos são mantidos em limites
estreitos, ela é largamente utilizada para a determinação da eficiência
da função renal, especialmente da taxa de filtração glomerular.
Devido
às facilidades operacionais e de custo, a depuração da creatinina tem
sido usada como indicador da função renal através do cálculo de
depuração (“clearance”) da creatinina plasmática. De um modo geral, a
monitoração da depuração da creatinina é eficaz até o ponto em que o
paciente tenha perdido metade a dois terços da capacidade renal. A
partir desse ponto, aconselha-se utilizar marcadores radioisotópicos.
Teste de Depuração da Creatinina
A
maior parte da informação clínico-laboratorial utilizada para a
determinação da função renal é derivada ou relacionada com a medição da
depuração de alguma substância pelos rins. A depuração de uma substância
é definida como a quantidade de sangue ou plasma completamente liberada
desta substância, por unidade de tempo, através da filtração renal.
O
teste de depuração da creatinina é realizado com dosagem da creatinina
em uma amostra de urina colhida em um tempo estabelecido e também em uma
amostra de sangue colhida no período de colheita da amostra de urina.
Metódo
•
Colher a amostra de sangue. Como a concentração de creatinina
plasmática é relativamente constante, a amostra de sangue pode ser
obtida em qualquer momento do período de colheita da urina. Idealmente, a
amostra deve ser obtida na metade deste período, porém, visando maior
conforto do paciente, pode-se obter a amostra de sangue ao final do
período de colheita.
• Dosar o volume total da
urina e calcular o volume/minuto dividindo o volume pelo número de
minutos em que a amostra de urina foi colhida. Em uma colheita de 24
horas dividir por 1440 (24 horas x 60 minutos).
Cálculo da depuração
Onde:
U: creatinina na urina (mg/dL); S: creatinina sérica (mg/dL); Volume 24h = volume urinário de 24 horas
U: creatinina na urina (mg/dL); S: creatinina sérica (mg/dL); Volume 24h = volume urinário de 24 horas
Depuração corrigida
Para
que o resultado obtido possa ser correlacionado com os valores de
referência, deve-se corrigir a depuração encontrada usando um fator que
leve em conta a superfície corporal do paciente. Isso é feito
multiplicando-se o valor encontrado por 1,73 (superfície corporal
padrão) e dividindo pela superfície corporal do paciente. Esta correção é
particularmente importante quando o teste da depuração de creatinina é
realizado em crianças.
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